A primeira reunião de 2013 do Comitê das Águas em Jacareí acontecerá no auditório da Câmara Municipal no próximo dia 19 de Fevereiro às 18h00. Os membros efetivos, como é de costume, convida toda a população Jacareiense para que participe dos encontros, tragam sugestões e tome conhecimento das ações que o Comitê se propõe a realizar no intuito de, entre outros, envolver a sociedade tornando-a ativa e participativa em prol das nossas águas. No último dia 5 de Fevereiro a Escritora e Bióloga Joana Aranha escreveu um artigo para o Jornal Diário de Jacareí manifestando sua indiganação com o poder público que se mantém indiferente aos apelos dos moradores do Parque Califórnia que viram o lago do bairro desaparecer. Transcrevemos aqui o artigo para que o fato não caia no esquecimento e nos traga novo ânimo para conhecer e participar do Comitê.
O Lago do Parque Califórnia
Nunca vou me esquecer do dia em
que fui ao Parque Califórnia, pela primeira vez,
conhecer minha casa nova e me encantei com as garças à beira do Lago.
Ainda não tinha visto um bairro que tivesse um lago só dele em lugar
nenhum, muito menos em Jacareí. Quando passei por lá haviam pessoas
sentadas em uma sombra pescando. Parei o carro, desci e fui conversar
com elas. "É água limpa moça", me garantiu um deles. "Antes
isso aqui era só um brejão, daí veio à prefeitura, mandou limpar
tudo, represou a água para aproveitar as nascentes, já são tão poucas
no planeta, não é mesmo?" Me disse o outro, "graças a Deus
as nossas estão preservadas", disse o homem, cheio de orgulho.
"Nós que nos unimos e plantamos estas árvores aí "tudinho"
que a senhora está vendo, as moças do meio ambiente nos explicou que
é para fazer a mata ciliar e evitar a erosão do solo em volta do lago".
Fiquei por lá mais algum tempo contemplando e depois fui fechar negócio
com meu novo lar, agora muito mais valorizado, com um lago de água
limpinha e três nascentes alimentando aquela “belezura” toda. Passei
a visitar o pequeno lago de águas serenas e cheio de peixes diariamente
nas minhas caminhadas. Para o nosso lazer havia também um parquinho
para as crianças e uma quadra de futebol, onde os adultos se divertiam
correndo atrás da bola, fazendo ás vezes até campeonatos "solteiros
x casados" e era tudo muito divertido. Mas um dia, durante a caminhada
ao olhar para o lago, me deparei com centenas de peixes mortos, outros
boiando, com a boquinha abrindo e fechando, procurando o ar que já
não existia mais no meio daquela água escura como borra de café.
Junto comigo, outros moradores pararam e se indignaram e até choramos
de tristeza com a maldade que fizeram com aquelas criaturinhas. Chamamos
as moças da prefeitura, que já não estavam mais no comando, outros
vieram e ordenaram a retirada dos peixes mortos e só. Fizemos protestos,
cobramos providências. Era época de eleições, então colocaram tapumes
e esvaziaram o lago, cortaram a mata ciliar com a promessa de que iriam
revitalizar tudo. Depois que ganharam a eleição, retirou-se os tapumes,
deixaram o mato crescer no parquinho, onde as crianças já não brincam
mais, o brejo voltou a reinar na quadra, onde os adultos não jogam
mais e a poluição tomou conta do lago que não tem mais peixes, nem
garças. O mesmo "Poder" que deu vida ao nosso lago, tirou
a alegria dos moradores, esquecendo daqueles que os colocaram no "Poder".
Nossos protestos foram ignorados e nosso lago esquecido pelo poder público.
Agora só o que se vê no local, são ratazanas e tristeza.
Joana Aranha
Bióloga e Escritora