20090921

Dia da árvore.


O Rio Comprido precisa muito do pouco que resta de floresta em sua microbacia. Antes de mais nada vamos deixar bem claro que estou falando de floresta nativa e não de floresta de eucalíptos! Ano passado passei pelo estande da Votorantin na Feira Agropecuária e Industrial de Jacareí (FAPIJA) e fique impressionada com a habilidade e a rapidez do expositor em contar para as crianças como o eucalipto é plantado, onde é utilizado , as florestas imensas espalhadas pela região, etc. O atrativo para as crianças eram pessoas fantasiadas de macacos e pássaros, um absurdo porque qualquer um que entre em uma floresta de eucalíptos sabe que nunca encontrará alí tais animais! "Nem cobra você encontra em floresta de eucalíptos!", como sabiamente desabafou um amigo revoltado com seu vizinho que arrendou grande parte de sua fazenda para o cultivo da espécie. Originário da Austrália essa planta exótica, da mesma forma que a cana-de-açúcar e o café, necessitam receber atenção especial no tocante aos impactos ambientais que ela pode causar, caso o cultivo não seja bem feito e não seja respeitada a legislação florestal.A economia em torno da silvicultura surge em um século onde o recurso hídrico está se tornando a questão central dos grandes conflitos em todo o planeta. O eucalipto se instalou numa região sedenta por água. Embora o Brasil possua uma das maiores reserva de água do mundo, o contraste na sua distribuição é grande. Segundo informações obtidas no site da SEMARH(Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente), na região norte 7% da população possuem 68% da água do país, enquanto que o nordeste com 29% da população, 3% e o sudeste, com 43% da população, conta com apenas 6%. Nesta região encontra-se o Vale do Paraíba, uma região privilegiada em se tratando de recursos hídricos, mas que já apresenta conflitos pelo uso das águas do Rio Paraíba do Sul, conforme estudos realizados pela ONU (Organização das Nações Unidas). Ainda segundo a organização, se continuarmos nesse ritmo de uso e de crescimento populacional, em 30 anos a quantidade de água disponível por pessoa no mundo será reduzida a 20% do que dispomos hoje. É preciso cuidar melhor da gestão da água hoje para que não tenhamos problemas da falta dela no futuro. Cuidar das nossas árvores e consequentemente das florestas nativas fará toda a diferença nesse processo.

20090728

Dias de Riada.

“O rio é novo, nasce a cada dia, a cada chuva. O rio é velho, já ninguém lembra quando nasceu.” (Índia Tupi-guarani)


Forte, volumoso, de coloração barrenta. Dias de Riada, é como dizem os espanhóis quando os períodos intensos de chuva alteram a paisagem natural de um rio. Julho está mesmo sendo um mês atípico. Pesquisadores garantem que há mais de três décadas não chove tanto nesse período, porém, sem ignorar os estragos que o excesso de água causa na região, o Rio Comprido está deslumbrante! Com a ajuda das águas pluviais ele ganha força e altera o cenário por onde passa. Não há como ignorar sua presença. O pequeno fio de água, agora expandido, dá o sinal de alerta para aqueles que querem ignorar suas margens. Se em alguns trechos ele quase desaparece, de tão assoreado, agora ele se expande, busca novos caminhos, traça outros percursos. A taboa, planta aquática com suas espigas cor de café, inunda suas várzeas e age como filtro depurador de suas águas. Os peixes que agora pulam em suas águas, foram trazidos do ponto mais alto, e não poluído, de sua Microbacia e com sorte alcançaram vivos o velho Paraíba do Sul.
Dias de Riada, dias de vida para o Rio Comprido.

20090713

Expedição mapea as nascentes do Rio Comprido.

Da esquerda para a direita: Mário Moreira (Urbanista), Jair (Guia), Dinamara Osses (Jornalista),"Pézão"(Segurança), João (Professor Universitário), Pedro ( Estudante Univesitário).


É a primeira vez que uma equipe, formada por um Estudante e um Professor Universitário, um Segurança, um Urbanista, um Guia e uma Jornalista ( essa "Blogueira" que vos escreve), sai para uma importante missão; georeferênciar as nascentes do Rio Comprido no ponto mais alto de sua Microbacia. Com a ajuda de um equipamento chamado GPS a equipe, que saiu para a expedição no feriado de 9 de Julho de 2009, pontuou quatro nascentes de uma pequena área de mata nativa no interior de uma fazenda da região. As informações obtidas sevirão de apoio para o projeto, aprovado pela Lei de Incentivo Cultural (LIC) de Jacareí , que resultará em um livro e uma exposição fotográfica.
Durante sete horas de caminhada o grupo foi conduzido por um guia, funcionário da fazenda. A conclusão que o grupo chegou foi que, ao menos naquele local da Microbacia, por enquanto, as nascentees estão protegidas.
Continue visitando nosso Blog, aqui você poderá acompanhar todas as fases desse importante projeto aprovado pela LIC de Jacareí e potrocinado pela CEBRACE http://www.cebrace.com.br/





20090706

Comissão de vereadores pode trazer benefícios para a Microbacia.

Descaso ou falta de planejamento? Esgoto de um bairro de São José dos Campos é despejado "in natura" diretamente no Rio Comprido.


Enfim dois vereadores, um de Jacareí Edinho Guedes (PPS) outro de São José dos Campos Cristiano Pinto Ferreira (PSDB), resolveram dialogar, procurar soluções para o melhor planejamento do crescimento no limite das duas cidades. Embora a comissão de vereadores não tenha focado a questão ecológica, a atitude poderá trazer benefícios para a região da Microbacia do Rio Comprido, e consequetemente para o seu principal curso de água que sofre com o com o avanço das duas cidades em sua direção. Estudos já comprovaram que o agravante não está na ocupação da Microbacia, já que 66,6% da sua área apresenta característica favorável à isso, o agravante está no mau planejamento da implantação dessas obras urbanas que, não bastasse a falta de interesse dos órgãos públicos em canalizar e tratar o esgoto lançado diretamente no rio, ainda avançam nas áreas de preservação permanentes, justamente a porcentagem restante da bacia que não pode ser ocupada de forma alguma! Como ainda não existe uma política pública específica voltada à proteção da Microbacia, que venha de nenhum dos dois municípios ao qual o Rio Comprido delimita, a chance de sua preservação, ou ainda de sua recuperação, estão distantes. O passivo ambiental está passando para o rio e de quem será a responsabilidade final neste caso?


Acompanharemos o trabalho desses dois vereadores, homens da lei que indiretamente poderão controlar a degradação de um importante rio, marco do limite entre duas cidades mas que ainda não encontraram um ponto de equilíbrio entre crescimento socioeconômico e preservação ambiental

20090606

Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo 0800-113560

Terminamos a Semana Nacional de Meio Ambiente. Vimos e ouvimos os mais variados relatos sobre o quão frágil é a natureza e o quanto homem tem influênciado de forma negativa sobre ela. Bem, agora vamos sair da teoria e vamos para prática? Se você, de qualquer lugar do país, presenciar ou tiver conhecimento de qualquer ato criminoso contra o meio ambiente ligue para o o800-113560, este é o telefone da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Para saber melhor como classificar um ato como crime ambiental vale a pena visitar o site http://www.anc.org.br/meioamb01.htm que fala sobre "As 17 leis ambientais do Brasil".
O telefone da Secretaria atende vinte e quatro horas por dia,todos os dias,mesmo em finais de semana e feriados.
Vale destacar aqui que a denuncia não é anônima porém ela é sigilosa! Por exemplo, se você ligar para denunciar uma empresa você deverá se identificar para a atendente e fornecer o nome da empresa,endereço, telefone e um ponto de referência para que os fiscais da CETESB possam chegar até o local denunciado. Ah, e a ligação pode ser feita do celular sem crédito!
Então anote este número, faça sua parte, denuncie crimes ambientais!

20090601

Desaparecimento da zona rural de Jacareí e São Jose dos Campos acontece sem controle.


Conurbação nada mais é do que a unificação de duas ou mais cidades em consequência de seu crescimento geográfico. Esse processo, inevitável segundo alguns urbanistas, há muito tempo ocorre entre os municípos de Jacareí e São José dos Campos.
Como essas cidades cresceram sem que houvesse um planejamento, regiões como a da Microbacia do Rio Comprido apresentam hoje um tipo bem variado de ocupação tais como, indústrias, bairros populares, condomínios fechados de alto luxo e também de baixa renda, áreas de favelização e vários loteamentos. A falta de planejamento territorial colocam em situação de risco as Áreas de Preservação Permanentes (APPs) da microbacia que já apresentam situações como desmoronamentos, ocupações com moradias clandestinas, depósitos de lixo, indústrias que se instalaram a menos de 50 metros de nascentes desrespeitando o Código Florestal vigente.

O Vale do Paraíba é uma região altamente urbanizada, e justamente ao redor dessas cidades é que encontramos os efeitos devastadores da poluição sobre rios e nascentes. Os espelhos dessas águas refletem o quanto eles deixaram de ser importantes na economia atual. A prática da sustentabilidade exigirá mudanças imediatas contrárias ao sistema atual, entre elas,deixar o global em favor do local, o grande em favor do menor. Neste blog buscaremos cumprir essa missão informando a atual situação da Microbacia e do seu principal curso de água, já que ele só ganha a nossa atenção na medida em que a água potável no mundo começa a se tornar insuficiente.

20090519

Ainda sobre lixo.


Às margens da Rodovia Geraldo Scavone em São José dos Campos no Vale do Paraíba, vive Alberto Limiro da Silva, 47 anos. Mineiro, ele chegou ao Vale na companhia dos pais com10 anos. Estudou pouco, mas concluiu o ginásio. Teve vários empregos e chegou a ser dono de uma borracharia que ficou aberta por pouco tempo. De maneira simples conta que “bateu cabeça para arrumar a vida". Sem casa para morar, se instalou à margem da rodovia e hoje faz reciclagem de lixo.
“Quando vim pra cá este lugar era cheio de entulho misturado com lixo doméstico, cheirava mal. As pessoas despejavam de tudo aqui. Sem emprego resolvi reciclar. Hoje meu sustento sai daqui”.

O lixo urbano é considerado o maior problema da sociedade moderna. Estudos apontam que cada brasileiro chega a produzir 0,80 kg de resíduos por dia e que apenas 2% de todo o nosso lixo é reciclado. Em São José dos Campos a prefeitura tem dificuldades em acabar com os lixões clandestinos espalhados pela cidade, que na opinião de Alberto depende, além de esforços do poder público, consciência da população de que devemos dar um destino melhor ao lixo.
A reciclagem, organizada por cooperativas ou não, tem crescido no Brasil. Isso contribui para a preservação do meio ambiente e reduz a demanda dos resíduos para os aterros, que coloca em risco os lençóis freáticos, ou para a incineração, que causa a poluição do ar.
Segundo Alberto, a vigilância sanitária esteve várias vezes no local porque grande parte do material que ele recicla fica ao ar livre. “Como não consegui construir ainda um barracão procuro deixar as vasilhas com a base pra cima pra não entrar água e cubro os pneus com lona. Eu entendo a preocupação da vigilância, mas quando eu não estava aqui reciclando, o lugar era pior”, conclui na tentativa de demonstrar a importância do seu trabalho para o local e ainda complementa, “desde que vim para cá, o número de pessoas que jogavam lixo na beira da rodovia, ao menos neste local, diminuiu bastante. Hoje elas sabem do meu trabalho e muitas trazem o lixo pra eu separar e reciclar. Aqui tenho desde teclado de computador e tudo o que você possa imaginar”, conclui Alberto com um punhado de revistas e livros na mão. É interessante observar a forma como ele distribui algumas das peças que podem ser recicladas. Tudo fica muito bem organizado, parece até uma “exposição de artes” dos objetos que ele encontra no lixo. As peças ficam expostas sobre uma bancada improvisada, como se ele, o artista, quisesse expor suas idéias e mostrar um pouco da arte vinda do lixo.
Alberto é um brasileiro que não está no topo da pirâmide social, não é um pesquisador que descobriu novas formas de reciclagem, mas tem consciência que o seu trabalho promove a gestão sustentável do lixo urbano. Quando questionado sobre o futuro, ele demonstra preocupação. Por viver em uma área invadida, conhecida como "Pinheirinho",  Alberto teme sua retirada do local antes de conseguir realizar o sonho de se tornar um "empresário do lixo",como ele mesmo enfatiza. Mesmo preocupado não desanima. “Quem trabalha com reciclagem não pode parar”, conclui com a segurança de quem sabe que o seu trabalho é importante para ele, para a sociedade e para o mundo.

Esta matéria fiz no final de 2007. Betão continuou vivendo no Pinherinho e trabalhando com reciclagem. Todo mundo sabia quem era a Luiza e onde ela estava. E o Betão?

20090514

Um ano sem o Ambientalista Geógrafo Ricardo Corbani Ferraz

Quinze de Maio é uma data saudosa para ambientalistas, parentes e amigos de Ricardo Ferraz. Há um ano ele morreu vítima de um acidente na Via Dutra em São José dos Campos.
Defensor intransigente das causas ambientais, Ricardo sempre lutou com ética pelo desenvolvimento sustentável da região. No dia dezessete de Abril deste ano a Câmara Municipal de São José dos Campos prestou justa homenagem ao Ambientalista. A Medalha " Mérito Legislativo" in memorian, recebida por seu único filho, foi concedida por seus relevantes serviços prestados em defesa e proteção do meio ambiente de todos os Municípios do Vale do Paraíba e do Litoral Norte.
Fiel ativista.
Ferraz sempre lutou por grandes causas e a degração do Rio Comprido também o incomodava. Nos meses que antecederam sua morte ele demostrava preocupação com a obra no trecho da Via Dutra em Jacareí por conta dos possíveis prejuízos às suas nascentes. A conurbação entre os municípios de São José dos Campos e Jacareí, o desmatamento das áreas de proteção permanentes,conhecidas como APPS, e a monocultura de eucaliptos em grande escala na microbacia, são fatores que o ambientalista também apontava como corroboradores na extinção do Rio Comprido, mas ele era antes de tudo um otimista e acreditava na possibilidade de barrar esses processos.
Em breve,neste Blog, disponibilizarei um video com o resumo da entrevista que fiz com Ricardo Ferraz em Novembro de 2007, especial colaboração de um homem que não se rendeu ao sistema e manteve-se fiel e incorruptível até o fim!

20090513

Bem te vi!!!!!




Incomoda, causa repulsa, idignação!!

Juro que não consigo entender, encontrar uma explicação para o cidadão que sai de sua casa com um amontado de lixo, a maoria lixo reciclável, e joga em terrenos, margem de rodovias, estradas rurais. Em finais de semana é pior! O povo parece que faz faxina em casa e sai distibuindo sujeira na maior naturalidade. Cansei de ver cenas do tipo e cansei de berrar "porcão!!!!" Certo dia dei sorte de estar com minha máquina e registrei um flagrante; uma empresa de reciclagem jogando lixo na Geraldo Scavone! Que coisa feia!!! O nome da empresa aparece na porta do caminhão e serviu de isnpiração para o título dessa matéria.

Agora não saio mais sem minha máquina e se eu pegar outro flagrante regristo e coloco aqui no Blog!


Porcão!!!

20090512


Em visita à uma fazenda na microbacia do Rio Comprido encontrei, na arquitetura da sede e no muro levantado por escravos, vestígios de um Vale colonial. A primeira pergunta que fiz ao caseiro que me recebeu , cujo nome e sobrenome foi suprido desta matéria a pedido do mesmo, foi;


Qual é hoje a fonte de renda da fazenda?

"Antigamente na fazenda havia criação de ovelha e de gado. Hoje temos búfalos e o pasto foi substituído pela plantação de eucaliptos. A gente nem precisa cuidar. Ele vai ficar aí por mais dois anos, depois será cortado e um novo plantio será feito."

Quanto tempo faz que o primeiro lote de mudas foi plantado?


"O primeiro lote foi plantado ha quatro anos. A fazenda foi arrendada pra fazer dois cortes, depois disso ela será entregue, não dá mais pra plantar novas mudas."

Você me disse que trabalha aqui desde quando não havia floresta de eucalipto na fazenda. Você percebeu alguma mudança visível no meio ambiente depois do cultivo?

"Como havia dito, o primeiro lote de mudas foi plantado há quatro anos. Neste período uma das nascentes secou e um lago desapareceu. Nesse lago a gente pescava, o gado bebia água. Também temos um poço que nunca baixava água, de uns tempos pra cá a água dele baixou bastante. Ainda não secou de tudo mas em dias de pouca chuva, quase seca."

Ao lado da sede da fazenda existe um lago, ele é natural?

"Não, este lago foi represado da nascente do rio que vem lá do alto da serra. È longe de se chegar até lá, leva bem uma três horas. Tem muita cobra no meio da mata e até Guatira. Aqui o rio é represado pra formar o lago e depois sai por um escape pra continuar seu trajeto."

Como é feito o esgotamento sanitário das casas da fazenda?

"É feita direto no rio. "

Você gosta de viver aqui na fazenda?


"Sim, só acho falta de uma coisa. Antigamente, quando aqui não havia os eucaliptos, depois que caia uma chuva a noitinha a gente ouvia o barulho dos sapos.Hoje, depois da chuva, é só silêncio. Um vez ouvi num programa de televisão que se na beira de um lago você não ouve barulho, é porque a terra está doente. "